Direção: Dario Argento. Roteiro: Dario Argento, Jace Anderson, Walter Fasano, Adam Gierasch, Simona Simonetti. Com: Asia Argento, Cristian Solimeno, Adam James, Moran Atias, Valeria Cavalli, Philippe Leroy, Daria Nicolodi, Coralina Cataldi-Tassoni, Udo Kier, Robert Madison, Jun Ichikawa, Tommaso Banfi. Duração: 1h 42m. Distribuição: Imagem Filmes/Swen.
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Hoje é festa lá no meu apê! |
Direto ao ponto: Dario Argento não é mais o mesmo desde a virada dos anos 2000. Se nas décadas de 1970 e 1980, o som e a fúria de seus filmes deixavam plateias estupefatas, de um certo tempo pra cá, o maestro foi perdendo seu viço. O que é uma pena, pois a Trilogia das Mães, brilhantemente iniciada com Suspiria e meada com o claudicante Mansão do Inferno, não teve a conclusão que tanto os fãs quanto o cineasta almejavam. O caminho percorrido pelo filme foi de privação orçamentária e falta de inspiração. Só para dar um gostinho amargo, soa como uma alternância de filme vagabundo dos anos 80 e produção furreca do Syfy Channel. Deu medo? Pois é...
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Como poderia ser mais irritante? |
No enredo, uma escavação revela antigos artefatos. Eles são enviados para um museu, onde serão devidamente analisados (e cá entre nós, se eu estivesse no lugar do padre que encontrou aquelas tralhas, imbuído das mesmas suspeitas, guardaria tudo num receptáculo de chumbo cheio de água benta). Já em posse de duas especialistas - Sara e uma amiga cujo nome não importa muito -, a urna que contém as traquitanas recebe cutucões de um objeto pontiagudo. Um pequeno acidente faz com que gotas de sangue pinguem sobre ela e... voilà! Libera uma desgraceira mais pestilenta do que o conteúdo da Caixa de Pandora. Uma das garotas começa a recitar inscrições entalhadas em estatuetas demoníacas, e sem muita cerimônia, é despachada de forma brutal. Sara, é claro, sobrevive, pois ela é interpretada pela filha do chefe (e gatíssima de plantão), Asia Argento.
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A reação de quem assiste ao filme. |
A protagonista é perseguida pela polícia, que duvida de sua história prá lá de insana. Mas enquanto Sara está encrencada com as autoridades, o mundo se vê perturbado pela última - e mais formosa, mais cruel... - das três irmãs: A Mãe das Lágrimas. A sociedade mergulha no caos e na destruição, enquanto hordas de seguidores da entidade maligna começam a invadir Roma. E aqui, abro um parêntese para questionar o modo com que os asseclas da terza madre são retratados. Uma mistura de punk com emo e headbanger (a líder deles é uma oriental francamente irritante). Tão estereotipados que chegam às raias da caricatura. Faltou a Argento uma boa revisitada em O Bebê de Rosemary e na série A Profecia, que tratam a questão das seitas satânicas de forma sóbria e bastante convincente. Bem, de repente, o diretor quis pintar os satanistas modernos dessa forma (e até não está tão longe, só não precisava exagerar tanto). A trama estabelece conexões com os longas anteriores, inclusive pelo fato de Sara ser filha de uma personagem presente em Suspiria. Ela aparece na forma de um espectro (vivido pela própria mãe de Asia e colaboradora antiga de Argento, Daria Nicolodi).
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Sente o nível dos efeitos... |
E por falar na saga do Anticristo, O Retorno da Maldição tem ecos de A Profecia III - O Conflito Final (1981). Toda a atmosfera apocalíptica repleta de insanidade e destruição, prepara a humanidade para encarar seu fim. Porém, se no desfecho das "aventuras" de Damien as coisas funcionem a contento, aqui é tudo feito de forma mambembe, evidenciando o orçamento apertadíssimo (reza a lenda que os amigos e a família de Dario Argento deram uma forcinha). Resta apreciar os atributos da senhorita Argento e da "atriz" Moran Atias, intérprete da Mãe das Lágrimas, que não se faz de rogada e paga peitinhos... Ou melhor, peitões, bem à vontade. Claudio Simonetti novamente compôs a trilha. E se mostra muito mais competente do que o velho amigo cineasta. Uma pena.
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Foi aquele cara ali, pai! |
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Capa do DVD lançado pela Dimension nos EUA. |
Trailer
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