Pânico (Scream, EUA, 1996)

Postado por José Cláudio Carvalho





Direção: Wes Craven. Roteiro: Kevin Williamson. Com: Neve Campbell, Drew Barrimore, Skeet Ulrich, Courteney Cox, David Arquette, Matthew Lillard, Jamie Kennedy, Rose McGowan, Liev Schreiber. Duração: 111 min. Distribuição: Imagem filmes.

Depois de "dar um tapa" nos slasher movies em 1984, com o clássico A Hora do Pesadelo, Wes Craven seguiu com sua carreira, realizando filmes com resultados oscilantes, mas sem lançar nada tão expressivo quantitativamente falando. A sétima aventura de Freddy Krueger não deu o retorno esperado, sinalizando uma saturação do subgênero. Foi então que um certo roteirista, maluco por filmes de terror, entrou em cena, com uma premissa que satiriza os clichês do gênero, mas ao mesmo tempo presta uma bela homenagem aos clássicos do susto.  O sujeito em questão é Kevin Williamson e o filme se chamaria Scary Movie (Filme de terror). Bancado pela Dimension Films - braço da Miramax responsável por filmes de terror e comédias adolescentes - o longa, comandado por Wes Craven (após certa relutância, porque considerava o script muito violento), passou a se chamar Scream, por sugestão dos chefões do estúdio, os irmãos Harvey e Bob Weinstein. O título preterido pelos produtores seria utilizado na sátira conhecida por aqui como Todo Mundo em Pânico (2000). O longa de péssimo gosto dos irmãos Keenen Ivory Wayans gerou três continuações e frequentemente é confundido com sua contraparte séria.




O diretor falava de crueldade contra animais para fazer Drew Barrimore (apaixonada por bichos) chorar

Pânico começa e termina de maneira explosiva. A sequência em que a personagem de Drew Barrimore é atormentada pelos telefonemas do assassino é bastante elaborada. Banal a princípio, vai se tornando cada vez mais angustiante até culminar, bem, na morte da garota. A própria atriz optou pela personagem após declinar do papel de protagonista, pois segundo ela, daria um aspecto de imprevisibilidade ao projeto. Logo após, seus colegas tomam conhecimento da notícia e a pequena cidade de Woodsboro se transforma num celeiro de paranoia. O modus operandi do novo serial killer consiste em ligar para a vítima e fazer perguntas sobre filmes de terror. Se a pessoa do outro lado da linha errar... Neve Campbell, em alta com o sucesso da série O Quinteto, assumiu as vestes da personagem principal.  Sidney Prescott, é uma autêntica secram queen, heroína predestinada a lutar contra o vilão do filme - nos moldes da Laurie Strode, que projetou Jamie Lee Curtis  em Halloween - A Noite do Terror (1978). Ao contrário de seus amigos, Sid não é uma adolescente comum. Madura (e ainda virgem, como dita uma famosa convenção do slasher), ela não liga para festinhas e filmes de terror. Seu namorado é o certinho Billy Loomis - interpretado por Skeet Ulrich, e cujo nome é uma homenagem a Sam Loomis, psiquiatra eternizado pelo saudoso Donald Pleasence na obra-prima de John Carpenter.


A atriz fez das tripas coração

Completam  a fauna de Woodsboro a gatinha Tatum Riley (Rose McGowan, jovenzinha e antes de namorar Marilyn Manson), irmã do atrapalhado policial Dwight "Dewey" Riley (David Arquette), os malucos Stuart (Mattew Lillard) e Randy (Jamie Kennedy, no filme apaixonado por Sidney) e a repórter sensacionalista Gale Weathers - interpretada pela eterna Mônica de Friends, Courteney Cox. Gale assume a defesa do suposto assassino Cotton Weary (Liev Schreiber), acusado de matar a mãe de Sidney antes dos eventos mostrados no longa. A convicção da inocência de Cotton faz com que Gale seja o grande desafeto de Sidney. A reporter faz par com Dewey no filme e se casou com David Arquette fora das telas. O policial teria sua participação encerrada após ser esfaqueado, mas após exibições-teste, constatou-se que ele caiu nas graças do público. Craven filmou cenas adicionais mantendo o personagem vivo, mas nas cenas em que aparece deitado, é possível observar que ele não respira. A grande sequência da festa na qual ele morre/não morre levou 21 dias para ser filmada e dura 42 minutos. Após sua conclusão, a equipe usou camisetas com a frase: "Eu sobrevivi à cena 118".

Kevin Williamson se tornou um roteirista popstar após o enorme sucesso de Pânico. O filme arrecadou 173 milhões, superando de longe o próprio orçamento (15 milhões).  Seus diálogos e sacadas espertas conquistaram fãs de filmes de terror, por meio das dezenas de referências e diálogos que desnudam os próprios clichês do gênero. Wes Craven se mostra seguro e à vontade, com um material descompromissado em mãos, e não se faz de rogado ao construir cenas auto-referentes: ele chega a fazer uma ponta, usando o suéter e o chapéu de Freddy Krueger! Na sequência da festa, há uma bem-vinda homenagem ao clássico Halloween, que serve de pano de fundo para que o aficionado Randy explique didaticamente certos cacoetes do terror jovem, para que eles possam finalmente acontecer na história, rolando então, uma inversão de expectativas. Mais genial, impossível!


Criador homenageia criatura

Muitos fãs de terror torcem o nariz para o longa, como acontece com quase tudo que sai do gueto e se torna fenômeno de audiência. Duas décadas depois, o filme continua extremamente divertido. Personagens carismáticos, histeria, suspense... Enfim, um pequeno clássico que honra a tradição dos slasher movies, cujo atrapalhado assassino Ghost Face faz parte do panteão dos grandes vilões, ao lado de Michael Myers, Jason e claro, do próprio Freddy.  O êxito estrondoso ainda gerou duas continuações - por assim dizer - imediatas e o tardio, porém excelente, Pânico 4, lançado em 2011. Fora isso, também deflagrou uma nova onda de terror adolescente, com filmes geralmente ruins, além de desenterrar franquias com os filmes A Noiva de Chucky e o bacana Halloween H20, ambos de 1998. Em 2015, uma série homônima da MTV modernizou as ideias do roteirista. Apesar da fórmula ter sido levada à exaustão, Pânico sobreviveu aos clones de qualidade duvidosa. Frequentemente apontado como um dos melhores e mais influentes filmes de terror, a obra de Craven e Williamson é um divisor de águas e tem uma quantidade considerável de fãs. Do início eletrizante ao psicótico final, o que se vê é entretenimento de primeira!

Elenco descolado


Assassino implacável (e atrapalhado) 

Lançado na década de 1990 no Brasil pela Playarte Pictures, o filme fez um gigantesco sucesso de público e crítica. A distribuidora Lumière adquiriu as sequências, botando no mercado via Paris Filmes. Quando, em 2011, a Imagem Filmes lançou a quarta parte, o original continuava inédito em DVD. Atendendo aos insistentes pedidos dos fãs, a empresa disponibilizou em DVD e Blu-Ray, a quadrilogia completa. A nova dublagem é bem inferior:



Trailer:

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